Entre o período dos descobrimentos
portugueses e o século XXI, muitas e profundas transformações ocorreram nos
processos e meios de observação e estudo da Terra e dos corpos celestes, invenções
e descobertas que enriqueceram o conhecimento e a compreensão do nosso planeta
e do cosmos.
O século XX é, por natureza, o século das
tecnologias de localização, informação e de comunicação, avanços que colocou ao
dispor das diferentes áreas da ciência um dos instrumentos mais eficazes de investigação
e análise da superfície da Terra: os satélites artificiais.
Encontram-se atualmente em órbita vários
tipos de satélites, entre os quais, os satélites do Sistema de Posicionamento
Global (GPS), de comunicação (utilizados nas telecomunicações), de observação
da Terra, meteorológicos e os militares.
O satélite meteorológico tem como principal função
monitorizar o estado do tempo e o clima da Terra; secundariamente pode controlar
e captar os efeitos da atividade humana, como a distribuição das luzes no
espaço geográfico, as queimadas, os níveis de poluição atmosférica, as auroras
polares, as correntes oceânicas, entre outros elementos. Considerando que
estamos a atravessar uma época de alterações dos padrões climáticos, este tipo
de satélite assume um papel vital na previsão do estado de tempo, da variação
do clima e de catástrofes naturais com origem na atmosfera.
O Envisat, satélite europeu lançado a 1 de
Março de 2002, na Guiana Francesa, e que orbitava a uma altitude de 800km,
representa o maior satélite de observação da Terra construído até à data. A
Agência Espacial Europeia (ESA) perdeu contacto com o satélite a 8 de Abril
deste ano, depois de ter recebido imagens da Península Ibérica e das ilhas
Canárias - as últimas enviadas por este satélite.
O Envisat processava uma análise global e
rigorosa da atmosfera, continentes, oceanos e calotes polares/glaciares do planeta.
Conseguia, entre outras ações, realizar medições relativas ao solo (caso da
densidade da cobertura vegetal), analisar a dinâmica dos solos (deslizamentos
de terra…) e da atividade vulcânica, monitorizar o movimento dos glaciares, cartografar
a topografia dos oceanos e medir a altura das ondas, controlar a composição
química e a dinâmica da atmosfera: medir a velocidade do vento, do vapor de
água existente na atmosfera e da água presente nas nuvens, avaliar a composição
global de gases na troposfera e na estratosfera, como por exemplo os níveis de
Ozono e CFC`s da estratosfera.
Os dados recolhidos eram utilizados para o
estudo científico da Terra, análise ambiental e alterações climáticas. A
informação enviada pelo Envisat foi utilizada por 70 países, em mais de 4000
projetos.
A cartografia – “conjunto dos estudos e operações científicas, técnicas e artísticas que
intervêm na elaboração dos mapas a partir dos resultados das observações
diretas ou da exploração da documentação, bem como da sua utilização”, de
acordo com a definição adotada pela ACI (Associação Cartográfica Internacional)
– conheceu uma verdadeira revolução com o aparecimento dos satélites
artificiais e o seu uso como instrumento de estudo e de investigação. Os mapas
tradicionais dão lugar aos mapas digitais, que representam com elevado grau de
pormenor e precisão os elementos e a dinâmica da superfície terrestre,
permitindo-nos ter uma percepção real do mundo em que vivemos e que partilhamos.
Bem-vindo ao Centro Ciência Viva de Constância
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